terça-feira, 28 de junho de 2016

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar...
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.

 Viver é não conseguir.
__Fernando Pessoa

sábado, 25 de junho de 2016

Extraído do blogue de Helena Sacadura Cabral

Marcelo Rebelo de Sousa lembrando as virtudes de caráter que sempre distinguiram Ramalho Eanes, o primeiro Presidente da República eleito em democracia - a 27 de junho de 1976 -, um"homem sério, honesto, austero, corajoso, incorruptível, que foi naturalmente chamado a assumir em nome de uma geração funções de elevada responsabilidade durante o período mais critico após o 25 de Abril-  decidiu homenagear o general Ramalho Eanes, por ocasião da passagem do 40.º aniversário da sua tomada de posse como Presidente da República.
Ramalho Eanes considerou  a cerimonia como uma homenagem à instituição das Forças Armadas através dos militares que liderou e uma recordação de um passado recente de luta pela liberdade e por maior democracia.
Já antes, o atual Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), Pina Monteiro, havia salientado a "carreira verdadeiramente singular" de Ramalho Eanes, que foi "norteada pelo culto das virtudes militares e de uma corajosa frontalidade" que o prestigiou, bem como às Forças Armadas.
Na cerimónia de homenagem, que decorreu na Escola das Armas do Exército, o atual CEMGFA e os Chefes Militares dos ramos (exército, marinha e força aérea), entregaram a Ramalho Eanes o símbolo do Comando, uma espada.
"Com a oferta desta espada pretende-se recordar a bravura e o poder com que, ao longo da sua brilhante carreira, sempre conseguiu distinguir o bem do mal, combatendo a perversidade e a insipiência, na defesa dos valores da democracia e na construção da justiça e da paz", disse Pina Monteiro.

Ramalho Eanes decidiu, contudo, oferecer depois a espada - expressão simbólica da condição militar -,  ao actual Presidente da República, pedindo-lhe que a guarde e transmita aos seus sucessores como "símbolo da confiança dos militares".
É conhecida a minha estima pelo casal Ramalho Eanes, que sei ser amplamente retribuída. Por isso, não posso, como amiga e como cidadã, deixar de louvar a iniciativa de tal reconhecimento.

HSC                  

terça-feira, 21 de junho de 2016

Da excelente poetisa Maria Luisa Adães que faz o favor de ser minha amiga

Entrei num caminho de adeuses
com uma luz a brilhar muito ao fundo
e vozes que chamavam e diziam,
"eu estou aqui"...
meu corpo não acompanhava esse falar
...
A dor sem amor comandava o voo insólito
e não me olhava
e me aproximava de luzes
que mostravam sombras de vidas passadas
E meu amor onde estava
qual o caminho traçado por ele
e não encontrado por mim
E desci
sem saber a razão da descida
num local ermo de fantasia
eu não voava
não mais podia voar
e alguém dizia,
tu podes voar
tu podes voar,
eu não acreditava
Tu estavas ao longe
eu não podia voar para ti
tu não podias voar para mim
linhas paralelas nos separavam
E deixei minha sede
e meu fulgor de amar...
Maria Luisa Adaes

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Que cresça com saúde e um dia mais tarde quando lhe for contada a sua história verá que fui muito especial a sua gestação.

Um bebé nasceu esta terça-feira, no Hospital de S. José, em Lisboa, após uma cesariana realizada a uma mulher que estava em morte cerebral desde fevereiro. É um recorde de sobrevivência de um feto nestas condições no nosso país.
O bebé, um menino, nasceu com 2,350 kg, após uma gestação de 32 semanas, num parto sem complicações que se realizou no Hospital de S. José. O bebé foi depois encaminhado para a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais da Maternidade Alfredo da Costa.
Em comunicado, o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) informou que as equipas de Obstetrícia e da Unidade de Neurocríticos do centro, a que pertencem o Hospital S. José e Maternidade Alfredo da Costa, procederam ontem à tarde a uma cesariana programada, “com o objetivo de fazer nascer uma criança, cujas últimas semanas de gestação ocorreram com a mãe em estado de morte cerebral”.
O feto esteve quase quatro meses no útero, depois de em fevereiro ter sido declarada a morte cerebral da mãe a 20 de fevereiro, pelas 23h43, na sequência de uma hemorragia intracerebral.
S., de 37 anos, foi mantida “viva” por mais 15 semanas para permitir a gestação.
“Perante a gravidez em curso, S. foi avaliada pela especialidade de Obstetrícia, que considerou que o feto se encontrava em aparente condição de saúde. Após parecer da Comissão de Ética e direção clínica do CHLC e numa decisão concertada com a família de S. e família paterna da criança, foi acordada a manutenção da gravidez até às 32 semanas, por forma a garantir a viabilidade do feto”, refere o comunicado.
De acordo com as equipas médicas que acompanharam o caso, “trata-se do período mais longo alguma vez registado em Portugal – 15 semanas – de sobrevivência de um feto em que a mãe está em morte cerebral”.
Em declarações à TSF, Luís Graça, presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-fetal, sublinha que se trata de um caso excecional.
“Com este tempo de duração é absolutamente excecional. Há outros casos, mas com duração de duas a três semanas. Neste caso conseguiu-se 15 semanas. É excecional. A medicina portuguesa está de parabéns. É excecional em todo o mundo”, ressaltou o médico.
Luís Graça exaltou em particular a equipa de obstetrícia, que avaliou tudo o que se passava no feto, e a equipa multidisciplinar que contribuiu para o sucesso deste tipo de casos.
“Há que destacar a equipa, médicos, enfermeiros, auxiliares que trabalham nos cuidados intensivos e que mantiveram esta mulher viva durante 15 semanas. Viva, oxigenada, alimentada para a circulação entre o útero, placenta e feto se mantivesse em níveis adequados para o feto continuar a crescer a para conseguir manter esta mulher sem complicações como por exemplo infeções que podiam comprometer a vida do bebé.
Por fim, o médico afirma que “é preciso destacar o próprio Serviço Nacional de Saúde, porque uma coisa destas é brutalmente cara e é difícil haver hospitais privados a ter este tipo de práticas“.
ZAP

domingo, 5 de junho de 2016

E em Portugal o ordenado minímo nacional não chega aos 600 euros e têm que trabalhar..."somos mesmo pobres".

Os suíços rejeitaram este domingo por ampla maioria a criação do Rendimento Básico Universal, um projeto revolucionário que provocou muitos debates no país, de acordo com as primeiras projeções. Segundo uma projecção nacional do instituto suíço de sondagens gfs.bern, divulgada pela televisão pública do país, cerca de 78% dos suíços votaram contra a criação do Rendimento Básico Universal.
Os promotores da iniciativa acreditavam que todos os cidadãos devem poder viver com dignidade, independentemente da sua condição social, para o que o Estado deveria providenciar um rendimento fixo incondicional universal.
Cada adulto deveria ter disponível, mensalmente, o equivalente a 2261 euros. As crianças e adolescentes teriam direito a 565 euros.
“Penso que o rendimento básico poderia ajudar a redesenhar a economia e o mercado de trabalho, de forma a permitir que mais pessoas façam o que querem, para que se sintam realizadas com o seu trabalho”, acredita o porta-voz da iniciativa, Che Wagner, citado pela Euronews.
Os que se opõem à iniciativa acreditam que o Rendimento Básico Universal beneficia apenas os que não querem trabalhar, nem contribuir para a sociedade.
Segundo Nathalie Fontanet, da comissão de cidadãos que se opõe ao Rendimento Básico Universal, “são montantes muito importantes que em vez de incentivar as pessoas activas a trabalhar e serem independentes, vai encorajar algumas pessoas a não fazer nada”.
“Penso que isso é contra os nossos valores e contra a coesão social”, assegura  Fontanet.
Os suíços votaram de forma realista“, diz Andreas Ladner, especialista em ciência política e professor da Universidade de Lausanne, ouvido pela RTS.
Os resultados definitivos do referendo devem ser anunciados ao início da noite.
Nas outras duas propostas submetidas a referendo este fim-de-semana, 66% dos eleitores aprovaram uma reforma do direito de asilo, e 61% votaram a favor da autorização do DGP, o diagnóstico genético pré-implantacional.
ZAP(Fonte)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

com a devida autorização

CRIANÇA COM FOME...
Em cada rua sem nome chora uma criança com fome
Sem ninguém reparar na sua presença...de olhar vazio
Em cada canto do mundo há uma mãe que não dorme
Em cada vão de escada há uma criança tremendo de frio
Em cada rua sem nome há uma criança sem esperança
Num corpinho magro e dorido...um olhar já sem vida
Levanta-te criança e acusa quem te roubou a infância
Quem te tolheu o futuro e te deixou de farrapos vestida
Em cada rua sem nome há uma criança dormindo no chão
E sonhando na lama...esperando o nascer de um novo dia
Onde não tenha de acordar envolta em lençóis de papelão
Estendendo a mão à caridade...numa prece de dor e agonia
Em cada rua sem nome há uma criança bebendo a tristeza
Mendigando um pedaço de pão...uma malga de esperança
Que te negaram os senhores do mundo...abutres da pobreza
A eles levanto a minha voz e digo: o futuro és tu criança
Em cada rua sem nome há uma criança que deixou de sorrir
E os braços de uma mãe deixaram de ser casa...porto seguro
A dor adormeceu-lhe o corpo e a alma...a vontade e o sentir
Criança semente de amor...teu corpo brilhando no escuro
Em cada rua sem nome há uma criança com ventre de fome
São os deserdados da vida...farrapos humanos jazendo no chão
Nas mãos trazem o silêncio de uma prece ao Filho do Homem
São a herança da humanidade...o retrato vivo de uma Nação
Escrito por : Rosa Maria

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Liza Minnelli & Luciano Pavarotti - New York, New York

Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?...
Ah, ante a ficção da alma
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração!
Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.
Depois, a nós como a ela,
Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calcar.
Está bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.
1931
Fernando Pessoa, "Poesias Inéditas" (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática,1955