C o n v e r s a n d o
José Custódio Cabrita Júnior, já morreu há imensos
anos, mas eu não o esqueci.
Ele foi o meu segundo pai. Devo-lhe muito e a
saudade permanece.
Nasci de pais pobres, trabalhadores na indústria corticeira
e com ordenados muito baixos, em 1946, quando nasci.
Aos 9 anos de idade, 1955, José Cabrita achou que eu
era inteligente e propôs aos meus pais que eu fosse
trabalhar(ainda não se falava no trabalho infantil) para
o escritório da sua empresa(uma corticeira que tinha
mais de 100 trabalhadores, entre eles os meus pais).
E isso sucedeu. Quando lá chego havia 3 empregados
no escritório que tiveram muita paciência comigo e eu
ia aprendendo.Mas é a José Cabrita que eu devo tudo,
ter feito de mim uma pessoa com alguma cultura .e muita
experiência em todas as atividades dentro de um escritório,
onde havia muito a fazer, como por exemplo:caixa,
(nessa altura havia os agentes bancários que serviam para
receber as letras) e passaram pelas minhas mãos muitas e
muitas centenas de escudos.Contabilidade e os serviços
de exportação, pois muita da cortiça ia para o estrangeiro,
transformada em rolhas ou bóias.Tinha que se falar com
os agentes de navegação, marcar os barcos que levariam
os carregamentos e tratar de toda a papelada.Sim,com
o passar dos anos eu fui aprendendo a fazer tudo isso.E saí
de lá para ir trabalhar para Lisboa, pois ia casar e ficar
a viver em Moscavide.Tinha talvez 20 anos.
Além disso, o Srº. José Cabrita e a esposa D.Georgina
não tinham filhos e muita vez fui almoçar com eles a
sua casa.Também me levavam com eles à praia de
Sesimbra onde iam muita vez, às festas da Moita do
Ribatejo e eu convivia com as suas sobrinhas a Luisa
e a Marta como se fosse da família.
Tive pois, uma grande sorte, aprendi muito e tive outras
condições que a m/irmã não teve, mas sempre fiz por
merecer através do m/trabalho e amizade aquilo que
por mim fizeram.
É por tudo isso que eu sempre considerei José Cabrita
um 2º. Pai e é assim que ainda hoje penso nele.
Irene Alves
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