Acaso essa mulher - creio tê-la visto sempre -,
que me olha do meu modo
desde aquele imenso espelho,
que ostenta meu vestido azul
e leva este lenço
de cor dando voltas
em ondas pelos ombros
- parecia mais contente instantes atrás -,
não sou eu.
É possível duvidar dos espelhos?
E da calóptrica e suas leis?
E das imagens sensatas?
Anos que levo mirando-me em seus rostos,
duvidando seriamente de sua fidelidade.
Anteontem o busto de Ifigênia, filha de Agamenon,
Rei de Micenas e de Argos,
nesta manhã, Joana, embandeirada e resoluta,
Virginia Woolf de tarde, pasmada de mar,
amamentando crustáceos.
Agora, quem se atreverá a dizer-me
que essa mulher aqui diante
e sentada frente ao espelho,
sou eu, setenta vezes eu,
sem mirar-se antes nele?
Este poema foi retirado com a devida autorização de um blogue,
que considero muito importante na divulgação da poesia
a nível mundial.
Quem gostar de poesia, poderá visitar o mesmo:
e o mesmo pertence a Rafael Rocha, que faz o favor
de ser meu amigo. E neste blogue presta um enorme
serviço à divulgação de poesia.
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