quarta-feira, 1 de junho de 2016

Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?...
Ah, ante a ficção da alma
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração!
Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.
Depois, a nós como a ela,
Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calcar.
Está bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.
1931
Fernando Pessoa, "Poesias Inéditas" (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática,1955

5 comentários:

chica disse...

Que linda poesia e escolha! Adorei! Lindo dia! beijos, tudo de bom,chica

Cidália Ferreira disse...

Bela escolha, adorei!

Beijo e um dia feliz.
(também, para as suas crianças se for o caso)

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Teresa Brum disse...

Que lindo Irene!
Como está cara amiga?
Amo Fernando Pessoa e esta poesia em particular, toca profundamente meu coração.
Parabéns pela escolha querida amiga.
Grande beijo no coração e tenha muitos e muitos dias felizes.

Élys disse...

Muito bonita a poesia de Fernando Pessoa, Um grade Poeta.
Um abraço,
Élys

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida Irene!
Poetar sobre florir que provoca questionamento e encanto...
Bjm muito fraterno