* Disse o mestre poeta:
“Escuta o canto da vida. Busca a flor que
deve abrir-se durante o silêncio que segue à tormenta, não antes.”
A vida é todo um canto que se eleva na
grandeza do silêncio para que tenha sentido e meta definida. A voz que na
solidão se levanta e se alimenta do amor tem, realmente, o que dizer ao mundo
para guiá-lo e consolá-lo. Tem tudo a dizer a quem quiser ouvi-la.
A flor que, depois da tormenta se abre, é
a única que conhece a eternidade, como se dela nascessem, uma após outra, todas
as verdades. De repente, luz e flor são uma em plenitude, rompendo as pequenas
fronteiras que o homem comum não ousa transpor. E toda a realidade emerge do
fundo do lago onde a vida guarda sua origem.
Então, e só então, o canto se faz próprio
e se define.
** Guarda-se o diálogo, a consulta, a
busca, as andanças, perguntas e embaraços. Guardam-se as palavras difíceis e os
períodos longos. A verdade é reta e curta.
Quando nada mais resta a indagar, fica o
silêncio puro e inalterado, dono da solução de todos os mistérios. E, na
quietude aprende-se a importância do que é simples e permanente. E então, o
jade aguarda teu chamado.
*** Adormecidas ficam as incertezas e
dúvidas, como se diante do silêncio nada restasse senão o esperado
encontro.
- Pois quem somos nós então, para
querermos nos proteger nos caminhos da vida?
Basta apenas a sondagem das meditações
para que o silêncio nos entregue a conquista do mais íntimo, do mais presente.
E todas as mensagens cifradas perdem seu valor quando se faz a entrega para que
o dia seja apenas de revelação.
Por isso sente-se que, a cada hora, as
palavras vão ficando menores, superadas em seus conteúdos, em suas indicações.
**** Só o silêncio tem um canto novo e
sempre renovado como o de Tagore: “no dia que se abriu a flor de Lótus, pobre
de mim! Vagava por aí o meu espírito e eu não o soube. Estava vazia a minha
cesta e a flor ficou abandonada. Apenas, de vez em quando, descia sobre mim uma
tristeza e eu despertava do meu sonho e sentia, no vento que vinha do sul, a
sombra suave de um perfume estranho...”
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